Há 10 anos o hospital
não recebe investimentos suficientes para ampliação e adequação do espaço, que
funciona com equipamentos antigos precisando ser substituídos por modelos mais
modernos. A nova diretoria fez um planejamento na ordem de R$600 mil para
reformas e ampliação no número de leitos, porém, o hospital está bloqueado quanto
aos investimentos do Estado, por causa da não prestação de contas da gestão
passada.
O Hospital Municipal Dr.
Raimundo Gobira atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É credenciado
no Ministério da Saúde com uma capacidade de atendimento para 72 leitos. Desse
total, 27 são ortopédicos e os demais estão divididos entre clínica médica e
clínica cirúrgica. No entanto, nos últimos oito meses, o hospital tem recebido
uma demanda excessiva na área de ortopedia. “Essa demanda, no nosso
entendimento, vem em decorrência do aumento do número de veículos, motocicletas
principalmente em circulação causando mais acidentes. E a gente tem observado um
aumento em torno de 50% no número de pacientes que dão entrada no hospital com
acidentes de trânsito vindo a sofrer algum trauma ortopédico”, afirmou o diretor
técnico do Hospital, Fernando Cesar Martins.
Segundo Martins, o
hospital tem características próprias que permitem uma complacência dentro do
arranjo interno, juntamente com o auxílio da central de regulação de leitos,
que é quem oferece os pacientes que serão internados no local. “Ela é regulada pelo Estado. Em comum acordo
com essa central de regulação, nós fizemos um rearranjo interno diminuindo o
número de leitos hospitalares, para os setores de clínica médica diminuindo os
setores de internação para cirurgia geral, sendo que essas vagas para clínica
médica e cirurgia geral foram remanejadas para outros hospitais como Santa
Rosália, o Hospital de Itambacuri e o Hospital Bom Samaritano favorecendo uma complacência
de leitos para receber mais casos de ortopedia”, explica.
De acordo com o
diretor, essa nova configuração do hospital permitiu aumentar a demanda diária
de 27 leitos ortopédicos para 45. “Neste momento o hospital chegou a um ponto
de crise porque não há mais espaço físico dentro do hospital pra receber
pacientes. Nos últimos dias nós chegamos a ter 90% dos nossos pacientes
internados pacientes ortopédicos. A demanda do hospital que é 72 leitos nós
chegamos a ter 69 pacientes internados pra ortopedia, quase que totalmente
pacientes ortopédicos dentro do hospital”, destacou Fernando.
Farra
de outros municípios
O grande dilema pelo
qual atravessa o Raimundo Gobira tem a ver com a enorme quantidade de pessoas
de outras cidades que buscam atendimento no hospital. Por ser referência em
tratamento ortopédico, e ser conveniado ao SUSFácil tem permitido a entrada desses
pacientes em Teófilo Otoni. “No entanto, como a demanda de portaria está muito
grande, os municípios por sua vez não estão tendo paciência de aguardar
aparecer a vaga. Eles mandam os pacientes para a porta do hospital e nós temos
que acolher esses pacientes independente de ter vaga ou não, porque não podemos
recusá-los. Consequentemente, a nossa tela de espera de pacientes que estão em
outras cidades aguardando pra vir pra cá fica abarrotada, e não conseguimos dar
essa vazão por absoluta falta de vaga no hospital. A gente coloca macas
improvisadas às vezes até no corredor, mas não há mais condições nem de fazer
isso porque não há espaço físico dentro do hospital. Além de todos os leitos
estarem ocupados, eu tenho aqui na espera uma média de 10 a 15 pacientes por
dia aguardando aparecer uma vaga para poder ser internado”, explica.
Para Fernando, a
situação atual não pode ser confundida com a competência daqueles que
administram o hospital. “Esse aumento absurdo da demanda não tem a ver com essa
questão, pois o hospital passou por uma remodelação há um ano e oferece um
número de leitos que é pactuado pelo SUS. O nosso centro cirúrgico tem
capacidade para atender os casos de baixa e média complexidade, que é o que nós
atendemos aqui, isso vem sendo feito. Nós temos uma média de 220 cirurgias
realizadas por mês neste hospital. Nosso bloco cirúrgico hoje funciona de domingo
a domingo, temos uma equipe de ortopedistas, inclusive com plantões extras em
horários de pico. No entanto, nós chegamos a um ponto de não termos mais
condições profissionais de execução do trabalho, porque o hospital tem várias
regras que precisam ser cumpridas dentro da lei e normas do SUS”.
Solução
para o impasse
O diretor técnico
lembrou que a realidade dos serviços ortopédicos é um fenômeno que atinge todo
o país, não sendo um predicativo apenas de Teófilo Otoni. Porém, muitos casos que
poderiam ser tratados na cidade de origem são encaminhados para o Raimundo
Gobira. “Existem vários hospitais na região de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri
e Jequitinhonha, que teriam condições de prestar atendimento ortopédico. Há
vários hospitais com o mesmo porte do nosso que tem equipes de ortopedia, mas
eles não têm resolutividade, ou seja, casos que poderiam ser resolvidos na
origem deixam de ser atendidos ali. Esse paciente é transferido para Teófilo
Otoni, às vezes até sem vaga, eles mandam o paciente de ambulância e quando
chega aqui na porta nós não podemos recusar. Sendo que aquele procedimento que
a gente constata na porta era um procedimento sensível a tratamento no
município de origem. Hoje o Raimundo Gobira atende 90% da demanda de
atendimentos ortopédicos de toda a Macro Nordeste, são mais de 1 milhão de
habitantes da Macro Nordeste, dentro dessa demanda de 90% mais de 50% das
pessoas que atendemos não são do município de Teófilo Otoni”, afirmou Fernando
Cesar Martins.