sexta-feira, 27 de junho de 2014

Muitas mulheres vítimas de violência doméstica têm pena de denunciar agressor

Os crimes previstos na Lei Maria da Penha incluem violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

O calvário da dona de casa Lunalva Maria, de 63 anos, começou há 20 anos quando ela conheceu o atual companheiro. De lá pra cá, sua vida tem sido marcada pelas constantes agressões do marido que faz uso de bebida alcoólica. No entanto, ela não consegue dar um fim ao casamento com medo de ficar sozinha, mesmo sendo maltratada.
“Ele joga na cara da gente que é ele que põe comida na mesa, e faz aquelas palhaçadas de bêbado que maltrata a gente demais. Tem dia que me dar vontade de acabar com esse casamento. Mas se ele for embora eu vou sentir falta. A gente acostuma com a pessoa mesmo ela te maltratando, você consegue relevar”, conta.
Os olhos marejados, enquanto relata as agressões sofridas dentro de casa, denunciam a fragilidade das mulheres que são vítimas de violência doméstica.  Lunalva disse que a situação piorou após o casal oficializar o casamento. Ela é 15 anos mais velha que o marido. Há cinco anos criou coragem e denunciou o agressor, mas, diante da ameaça de prisão do homem, teve pena. “Eu não deixei ele ir preso porque ele é muito bom. Ele não deixa faltar as coisas dentro de casa, mesmo ele alegando que ele banca tudo. Ás vezes quando ele começa gritar lá na rua para os vizinhos ouvirem que ele que sustenta a casa, tenho vontade de dar parte dele, mas fico com dó”. 
A dona de casa que nas horas vagas faz uns “bicos” como costureira parece ter acostumado com a essa situação. “O negócio é que ele não vai embora. Eu também fico com medo dele ficar abandonado na rua e as pessoas judiarem dele, porque os parentes dele não querem ele, por causa da bebida. Eu sou casada com ele, se eu jogar ele fora, o que ele vai fazer? Pra onde que ele vai? Outra mulher não quer homem cachaceiro”, justifica Lunalva.
Lei Maria da Penha
Para a Delegada da Mulher, Herta Coimbra, a Lei Maria da Penha trouxe medidas eficazes para combater a violência doméstica, no que tange às medidas protetivas.  Segundo ela, o problema da eficácia da Lei está na fiscalização do cumprimento das medidas adotadas. “O poder público não consegue fiscalizar depois que as medidas são decretadas pelo juiz, se realmente o agressor vem cumprindo e respeitando essas medidas no dia a dia. Por isso, que volta haver reincidência, mas a Lei em si é uma Lei benéfica, é uma Lei afirmativa que defende os direitos da mulher. Mas no dia a dia inúmeras vezes a gente se depara com desobediência por causa da eficácia do cumprimento”, afirma.
Tornozeleiras eletrônicas poderiam ajudar
De acordo com a delegada, a tornozeleira eletrônica identificaria a aproximação do agressor da ofendida, com isso, teria como ser detectado se ele está descumprindo a distância mínima, e judicialmente a fiscalização mensal nos processos da Lei Maria da Penha, quanto ao cumprimento das medidas. No entanto, Coimbra ressalta que caso o agressor esteja disposto a matar dificilmente será impedido. “Se ele tiver que matar ele mata, ninguém impede uma pessoa de matar. A pessoa que está decidida a matar, a polícia e o poder público não a impedem de matar. Mata dentro da igreja, na porta da escola, mata no supermercado; com tornozeleira ou sem ela vai matar, mas esses são casos isolados. Na regra geral, uma vez que as medidas são adotadas, nós temos como fiscalizar essas medidas através de tornozeleiras, fiscalização mensal nos processos da Lei Maria da Penha com comparecimento da ofendida pra ela dizer se vem sendo cumpridas ou não. Porque se ele vem descumprindo tem que decretar a prisão preventiva dele”.

Em Teófilo Otoni ainda não existe nenhum projeto nesse sentido. “Inclusive algumas pessoas questionam que isso seria uma situação de discriminação e violaria a dignidade da pessoa humana, mas quando a pessoa comete uma violência doméstica pratica um crime. Ela já violou a regra de conduta social, já está violando a regra. Então, eu acho que o coletivo se sobrepõe ao particular e o agressor, aquela pessoa que pratica violência doméstica, tem que ser monitorada”, defende a delegada Herta Coimbra.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Creme pretende “exterminar” identidade negra

A criadora do creme é uma cantora de origem africana que, assim como Michael Jackson, vem chamando a atenção pela mudança repentina na cor da pele

Uma cantora africana de Camarões chocou o mundo, nos últimos meses, ao lançar um creme capaz de clarear a pele negra. Ela foi alvo de milhares de ataques, principalmente de movimentos de defesa dos negros. A polêmica envolvendo a cantora Dencia, reacendeu, novamente, o debate sobre autoestima da população negra. Dencia, assim como Michael Jackson, tem chamado a atenção pela mudança repentina na cor da pele. Ela é negra e “criou” um creme que seria capaz de embranquecer a pele. Porém, os dermatologistas alertam para os perigos de se utilizar um produto como esse que, provavelmente, deve ter altas concentrações de uma substância chamada hidroquinona, podendo causar sérios danos à saúde. Episódios como esse demonstram que a luta contra a discriminação racial ainda é um longo caminho a ser percorrido, a fim de construir uma sociedade menos desigual e preconceituosa.

“A gente enfrenta isso principalmente nas comunidades quilombolas. Porque para que elas sejam legitimadas, como quilombolas, têm que se declarar remanescente de quilombo e, sobretudo, a questão da negritude. Uma das principais dificuldades desses movimentos de legitimação, é construir com esse grupo a identidade”, explica a presidente do Compir/TO-Conselho Municipal de Igualdade Racial de Teófilo Otoni, Neuslete Esteves dos Santos Neumann.
Neuslete Esteves dos Santos
Segundo Neuslete, é preciso cautela antes de fazer um pré-julgamento sobre a atitude da cantora em querer tornar-se branca, já que não se sabe a história de vida dessa pessoa. “Porque se eu não me identifico com um grupo social ou racial, eu não vou poder fazer parte dele e pensando sobre a questão do ser humano, não tem como a gente declarar certo ou errado é uma questão de identidade. Eu não me identifico com um gênero, então vou buscar um que seja condizente com a minha existência”.
Ser diferente é normal
Para Neumann, a questão da negritude, assim como em qualquer outra etnia, é uma questão de identidade. Ou seja, a pessoa se identifica ou não com a raça negra. Segundo ela, o tema é complexo, pois há diferentes fatores que podem levar uma pessoa negra a querer mudar a cor da pele como: a mídia, o sofrimento causado pelo preconceito vivenciado ao longo da vida, ou, até mesmo, o fato de essa pessoa não ter se inserido em nenhum grupo social negro. “Numa sociedade extremamente preconceituosa, muitas crianças questionam aos pais: Por que a minha pele é suja? É mais escura? Porque é isso que a nossa sociedade preconceituosa incute no sujeito negro, ou seja, ele é diferente do normal. Mas que normal é esse? Quando você trabalha a questão da negritude em você, você se percebe enquanto negro e deixa de sentir isso como uma mancha ou um defeito, mas como um traço identitário. A minha pele e o meu cabelo são assim. Eu não vou deixar de ser mais ou menos humano porque eu tenho uma determinada característica física”, disse Neuslete.
Melina Sousa da Rocha
Cantora Anitta também teria utilizado cremes para “embranquecer”
De acordo com a militante pelo Coletivo Feminista Negro Bloco das Pretas e Coletivo de Estudantes Negros (CEN), Melina Sousa da Rocha, a postura da Cantora Dencia evidencia como uma sociedade estruturada pelo racismo e pelo sexismo tem conseguido propagar sua intenção que, segundo ela pretende eliminar toda identidade negra, fazendo com que os negros tenham vergonha de si e de suas raízes.  “No Brasil tivemos um caso recente com a cantora Anitta, também acusada de utilizar cremes com o objetivo de clarear a pele e de intervenções cirúrgicas para afinar os traços considerados grosseiros. Estes casos só assustam as pessoas por estarem ligadas a transformações extremas, evidentes e bastante polemizadas pela mídia como no caso do Cantor Michael Jackson”.
Padrão estético branco
A militante enfatiza que a população negra tem sido afetada em sua autoestima por esses padrões estéticos todos os dias. Segundo Melina, nas mídias diversas existe a manutenção e a ênfase em sustentar que negros e negras inexistem. “Desde crianças aprendemos que a boneca mais bonita é a Barbie, que uma princesa branca nos libertou da escravidão, que não temos heróis negros e que não existem princesas negras. Como não querer ser branco ou branca se todas as nossas representações são essas?”, questiona.

Para Melina, o embranquecimento acontece de forma gradual, quando a estética negra é negada pela imposição da estética branca. “Negam nossa história, negam nossa cultura, nossas religiões, costumes e crenças, negam até os direitos mais básicos. Aprendemos uma história em que o bonito e o legal é ser branca e ter o cabelo liso, portanto várias meninas negras querem se aproximar do padrão: loira, branca, alta, magra e dos olhos azuis, mesmo que para isso tenham que negar suas raízes negras e sustentar essa imposição para sempre”, disse.
A criadora do creme é uma cantora de origem africana que, assim como Michael Jackson, vem chamando a atenção pela mudança repentina na cor da pele

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Fiéis passam a madrugada fazendo os tradicionais tapetes no dia de Corpus Christi

Para celebrar o milagre eucarístico, os fiéis seguem a tradição de confeccionar tapetes de pó de serragem para a passagem da procissão

A multidão de fiéis que lotou a Igreja Matriz Imaculada Conceição, na manhã desta quinta-feira (19), feriado de Corpus Christi, demonstra que as tradições católicas passadas de geração a geração, ainda são mantidas por muitas famílias. Apesar de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontar que a Igreja Católica sofreu uma queda recorde de fiéis nos últimos 10 anos; a liderança do Papa Francisco tem conquistado inúmeras pessoas que tinham dado as costas para a Igreja, e que agora estão retornando. A primeira celebração do dia foi presidida pelo Bispo Diocesano de Teófilo Otoni, Dom Aloísio Jorge Pena Vitral, que convidou o público presente a refletir sobre a necessidade do amor e perdão de Deus.

Os tapetes coloridos que enfeitaram algumas ruas da cidade, começaram a ser confeccionados à meia-noite, sendo finalizados hoje por volta das 8h da manhã. No caminho do Santíssimo Sacramento havia símbolos sacro e frases com pedidos de paz e amor, sobre os tapetes de serragem feitos a mão. Para a religiosa Terezinha de Fátima Fraga, que passou a madrugada juntamente com outros fiéis fazendo os tapetes, o trabalho é muito gratificante. “O tapete é o mesmo do ano passado, porém as figuras ficam a critério dos moradores e catequistas, cada um utiliza sua criatividade”, disse.

 Cantando e rezando


Depois da missa, os fiéis seguiram em procissão pelas ruas cobertas pelos tapetes coloridos em comemoração ao dia de Corpus Christi. Alguns moradores montaram oratórios com imagens de Santos e flores em frente à suas casas, com o objetivo de receber uma bênção ministrada por Dom Aloísio. Já outras pessoas preferiram acompanhar a manifestação religiosa do alto da sacada dos prédios. O cortejo seguiu rezando e cantando pelas ruas, até chegar novamente à Matriz, onde os fiéis receberam uma bênção final. 

Jornalista Cláudia Gabriel estreia no cenário literário com “Licor de Cassis”

O livro reúne crônicas da jornalista mineira com textos sobre o dia a dia, experiências de viagem e o universo feminino. O título é uma referência ao blog que deu origem à obra.

“Licor de Cassis” é o nome do primeiro livro da jornalista mineira Cláudia Gabriel, lançado recentemente em duas cidades, Juiz de Fora e Belo Horizonte. A obra reúne crônicas publicadas no seu blog homônimo, criado há três anos, e textos inéditos sobre o dia a dia, experiências de viagem e o universo feminino. Apesar dos desafios que todo escritor iniciante passa, até se tornar conhecido do grande público, a autora se surpreendeu com a repercussão do livro. Lançado há menos de um mês, cerca de 60% dos exemplares já foram vendidos.

Os primeiros passos de Cláudia rumo à literatura começaram timidamente. E foi lendo textos de cronistas renomados como: Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar, Leila Ferreira, J.P. Cuenca, Antônio Prata, Clarice Lispector; a jornalista percebeu que também poderia compartilhar suas reflexões com o público. “Conheço pessoas que escrevem criativamente desde a infância. Inspiração revelada quase ao mesmo tempo das primeiras palavras. Comigo, não foi assim. Sempre escrevi por dever da profissão. E nunca pensei em ir além. Mas os textos de outros cronistas fisgaram aquela vontade camuflada dentro de mim, eu sentia que também tinha algo pra falar. As primeiras crônicas foram escritas assim, sob o impacto de outras leituras. Ficaram guardadas, escondidas... Até que resolvi me expor e criei um blog”, disse Cláudia.

Narrativas do cotidiano

O universo das crônicas de Cláudia é amplo. Ali cabem fatos recentes, vivos, misturados ao tom pálido das lembranças. Os temas são triviais – uma imagem, frases soltas que despertam a curiosidade, situações vividas em viagens. O medo de um possível tremor de terra em Montes Claros, um cardápio exótico em Uberlândia, o chuveiro de hotel que remete ao difícil equilíbrio entre o frio e o quente no amor. Ela fala também de encontros – com uma freira que foi sua professora na infância, com um cantor que surpreende os passageiros num ônibus em Montevidéu, com um turco na Croácia, com os nativos da Ilha de Páscoa, no Chile, que a levaram a repensar toda a escolha profissional. “Escrevo sobre desencantos e desencontros, a ditadura do Tempo na dança dos relógios, a solidão, as cenas de uma caminhada e até sobre um xampu que, silenciosamente, ensinou-me sobre o tempo certo das coisas e a necessidade da espera”.

O primeiro de muitos

O prefácio do livro é da jornalista e escritora Leila Ferreira, muito conhecida pelo telespectador mineiro, quando apresentava o programa “Leila Entrevista”.
“Começo o meu caminho literário com o Licor de Cassis. Espero que venham outros sabores em novos títulos. E uso um trecho de uma das crônicas do livro como resumo do que sinto nessa experiência: 
“Não importa de onde venho, nem pra onde vou. Com os budistas, aprendi o segredo e a metáfora de apreciar o caminho. Sem pressa de chegar. Tento levar o conselho para a vida. Nem sempre consigo. Mas meu treino, como viajante, um dia, vai me ensinar”, concluiu Cláudia Gabriel.

Sobre a autora: Jornalista, natural de Juiz de Fora (Minas Gerais). Iniciou sua carreira na TV Tiradentes (SBT), na mesma cidade, e foi repórter da Globo Minas, em BH, entre 1997 e 2007. Atualmente, é servidora pública na Assembleia Legislativa de Minas.
Pedidos do livro podem ser feitos por e-mail: claudiagab@globo.com 

Em Teófilo Otoni, a jornalista está negociando com a livraria Papo Café. Provavelmente, em breve, os leitores teofilotonenses terão acesso ao livro. 

domingo, 15 de junho de 2014

Teofilotonenses comemoram vitória do Brasil no jogo de abertura da Copa do Mundo

Quando o lateral-esquerdo Marcelo se atrapalhou e marcou, contra, o primeiro gol da Copa do Mundo, os torcedores ficaram apreensivos. Mas, aos 29min, o craque da seleção brasileira, Neymar dominou na intermediária, passou por um rival, foi até a entrada da área e chutou rasteiro, de perna esquerda, no canto do goleiro croata e empatou o jogo. Aí nem mesmo a chuva que caiu em Teófilo Otoni, na abertura do mundial, nesta quinta-feira (12), atrapalhou a comemoração daqueles que compareceram à Praça Tiradentes para assistir a partida. A Praça Lions Clube também reuniu jovens durante o jogo.

O Brasil virou o jogo, logo em seguida, em um lance polêmico. Numa jogada em que a bola é alçada para a área, o croata Lovren encostou em Fred, que desabou. O juiz entendeu que havia sido pênalti, e Neymar marcou o segundo do time brasileiro. Nos acréscimos, em contra-ataque, Oscar chutou rasteiro para fechar o placar na vitória por 3 a 1 sobre a Croácia.

O próximo jogo do Brasil será no dia 17 de junho, contra a seleção mexicana, em Fortaleza. 




quinta-feira, 12 de junho de 2014

A triste realidade de quem vive com Aids

Além do preconceito e das dificuldades em conseguir trabalho, os contaminados pelo HIV enfrentam a rejeição da própria família. Apesar de uma cura ainda não ter sido descoberta, a medicina tem ajudado os infectados a viver com mais qualidade de vida, porém é preciso fazer o tratamento corretamente.

No dia em que Marcilene N.S. concedeu essa entrevista, ela estava completando 26 anos. Apesar de ser uma data festiva para muitos, a dona de casa não tem o que comemorar. A doença roubou dela os sonhos, a vaidade e a perspectiva de um futuro melhor. A aparência da jovem denuncia que a vida não foi nada justa para ela. Marcilene estudou apenas até a 3ª série do ensino fundamental, e sobrevive com os $300 reais que recebe mensalmente do “Bolsa Família”. Ela tem três filhos, o mais novo com 1 ano, o do meio com 3, e o mais velho tem 7 anos. E o mais impressionante dessa história é que, apesar dos riscos, nenhuma das crianças foi infectada pelo vírus da Aids.
Marcilene só descobriu que havia sido contaminada pelo pai dos seus dois primeiros filhos, após um amigo dizer que o homem tinha a doença. Segundo ela, o companheiro acabou morrendo de cirrose. O pai do filho mais novo fruto de um novo relacionamento, não foi contaminado.
A jovem gostaria de encontrar um trabalho, chegou a vender picolé, mas passa mal com a medicação e desmaia sempre que toma os remédios. E, para piorar a situação, a cesta básica que recebia do Consórcio Intermunicipal de Saúde, foi cortada. “A moça me disse que tem mais oito pessoas precisando de ajuda com cesta básica. Ela falou que apenas se sobrar que podia me dar”, disse.
A crença em Deus
Na época quando recebeu o diagnóstico positivo ficou desesperada e xingou os funcionários do Consórcio. Em tratamento há um ano, Marcilene precisa tomar nove comprimidos ao dia para não adoecer. Atualmente morando na casa da ex-sogra, sua maior diversão é assistir televisão e, às vezes, ir à igreja. Ela se converteu a uma religião evangélica e acredita que Deus ainda vai curá-la.  “Muita gente fala que eu não tenho isso. Meu maior desejo é trabalhar como empregada doméstica pra tentar reformar minha casa. Os tijolos do meu quarto já caíram quase tudo e as paredes correm risco de cair”, conta.
Segundo S., o preconceito que aflige muitos soropositivos não atrapalhou seu relacionamento com os amigos. Por incrível que pareça, foi a família que lhe virou as costas. Ela não tem nenhum contato com os pais, nem com os irmãos. “Meus amigos me tratam normalmente. Minha vizinha, por exemplo, eu arrumo casa pra ela e ajudo ela fazer as coisas”, afirmou Marcilene.
Um médico na família


Os filhos são os únicos motivos que ainda fazem a dona de casa esboçar um tímido sorriso. Para surpresa de Marcilene, o filho mais velho sonha em ser médico. A mulher que não tinha o hábito de usar preservativo com seus parceiros hoje reconhece que, a proteção, é a única forma de as pessoas ficarem livres do HIV. “O conselho que eu dou pra quem está vivendo uma vida doida aí nesse mundão é usar camisinha”, aconselhou.

sábado, 7 de junho de 2014

Polo da UAB na cidade permite à população acessar cursos de graduação pela UFMG

Muita gente não sabe, mas é possível ter um diploma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sem precisar sair de Teófilo Otoni. Estudar em uma das universidades federais mais cobiçadas por milhões de brasileiros é, sem dúvida, uma experiência enriquecedora para quem consegue chegar lá.

No polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) são oferecidos cursos de graduação à distância pela UFMG nas áreas de Ciências Biológicas, Química, Matemática, e Pedagogia. Para disputar uma das vagas o estudante precisa ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, e ficar de olho no site da universidade, onde é feito a inscrição, para saber quando abrirá novos processos seletivos, cuja classificação se dá de acordo com a nota tirada no exame. Mas a UAB também faz convênio com outras universidades. O polo é montado através de um convênio entre Prefeitura, Estado e Governo Federal.
“Nós temos capacidade de ofertar cursos tanto técnicos de graduação ou pós-graduação por qualquer instituto superior que tenha pretensão de atuar aqui na cidade. Os cursos são todos de universidades federais, portanto cursos gratuitos ofertados à distância. Alguns exigem que os alunos compareçam ao polo para realizar atividades presenciais nos finais de semana, geralmente aos sábados, e os cursos de pedagogia eles precisam comparecer uma vez ao mês”, explica o coordenador do polo da UAB, Ivanovich Lima Ferreira.
UFMG mais perto do que se pensava
Atualmente, a maior dificuldade do polo em Teófilo Otoni está relacionada à falta de divulgação. Além dos quatro cursos de graduação, a instituição oferece ainda cursos de pós-graduação por meio do Instituto Federal Norte de Minas-IFNMG. “A demanda é pequena porque a população não sabe que a UFMG disponibiliza esses cursos na cidade. Apesar disso, o polo não tem dificuldade em formar turmas. O maior desafio é manter os alunos, pois o índice de evasão é muito grande e as pessoas ainda não estão acostumadas com os cursos à distância oferecidos pelas universidades federais”, diz Ivanovich.
O coordenador lembra que um curso nessa modalidade exige muita responsabilidade do aluno. E como a maioria do público atendido trabalha, quase não tem tempo de fazer as atividades exigidas. “Ele precisa ter tempo pra usar a internet, participar de todas as atividades online que acontecem, além de vir aqui para fazer as atividades presenciais quando necessário. E isso é muito difícil para os nossos alunos”, ponderou.
Cursos mais procurados
Pedagogia é o curso mais procurado pelos estudantes, logo em seguida vem Ciências Biológicas, Química e, por último, Matemática. A universidade tem hoje cerca de 500 alunos matriculados nos diversos cursos. Entres os cursos de pós-graduação já promovidos pela instituição estão: Artes visuais, Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, especialização em Saúde da Família, Mais Médicos, e Ensino de Estudos de Ciências.
“Esse polo é muito importante porque ele aumentou a oferta de vagas em nível de graduação e de pós-graduação em Teófilo Otoni. A cidade tem se tornado um polo de educação e o polo da UAB aumentou essa oferta”, disse Ivanovich.

Endereço do Polo (UAB) em Teófilo Otoni
Rua: Aristóteles Dantas Guimarães Nº166
Bairro: Vila Santa Clara
Telefone:3521-2260
Quer saber mais? Acesse o endereço eletrônico da Universidade Aberta do Brasil disponível em: http://www.uab.capes.gov.br/

terça-feira, 3 de junho de 2014

Prevenção seria a resposta para diminuir os casos de Aids na região

A doença não escolhe classe social ou opção sexual, entre os contaminados estão donas de casa, pais de família, trabalhador rural, médico e auxiliar de saúde. O sexo desprotegido ainda é o maior responsável pelo contágio. Em Teófilo Otoni são 146 homens contaminados para 132 mulheres.

O Consórcio Intermunicipal de Saúde Entre Vales do Mucuri e Jequitinhonha (CIS-EVMJ) em Teófilo Otoni é referência para 23 cidades da região e funciona desde 1997 na cidade. De acordo com o órgão, nos cinco primeiros meses do ano, 52 pessoas tiveram diagnóstico positivo, uma média de 10 casos novos por mês. No ano passado o número de novas infecções pelo HIV na região atingiu 86 indivíduos. Atualmente, há uma incidência de aproximadamente 1000 casos no período de 1997 até o momento. No entanto apenas metade desse grupo está em tratamento. Ou seja, cerca de 500 soropositivos que utilizavam o serviço já morreram. Apesar de uma cura ainda não ter sido descoberta, a medicina tem ajudado os infectados a ter mais qualidade de vida.
“É uma doença que quando acomete as pessoas, se não há um bom acompanhamento psicológico ou emocional, essa pessoa tende a abandonar o tratamento e acaba adoecendo”, explica a psicóloga e aconselhadora do Serviço DST/HIV, Olímpia de Fátima Silva Franco.
População precisa ser educada
Segundo a psicóloga, é comum as pessoas ficarem surpresas quando recebem um resultado positivo e pedir para repetir o exame várias vezes. Muitas têm crises de choro e se recusam a contar para o parceiro. Mas o sexo desprotegido ainda é o maior vilão responsável pelo contágio. “As pessoas não foram educadas para usar o preservativo, a prevenção deixa muito a desejar. Os adolescentes, por exemplo, não procuram o serviço com muita freqüência, eles são encontrados nas escolas quando a gente vai fazer palestra, ainda assim, não se sensibilizam pra fazer o teste de HIV. A prevenção precisava ser mais enfocada. E para o paciente que é soropositivo tem que se tratar e vir às consultas fazer os exames de CD4 e carga viral pra não adoecer, aconselhou Olímpia.
Serviço
No local, além de fazer o teste rápido anti-HIV, o público recebe aconselhamento sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e qualidade de vida. Para as gestantes que têm filhos positivos ou a gestante HIV que tem bebê, o Consórcio disponibiliza leite gratuito para o recém-nascido por seis meses, até que a criança comece a se alimentar.